No filme Jurassic Park, cientistas conseguiram reviver espécies de dinossauros extintas há milhões de anos. Agora, imagine se na vida real nós pudéssemos fazer o mesmo: pegar espécies de animais extintas há muitos anos e trazê-las de volta à vida? Apesar de parecer algo que veríamos somente no cinema, a recuperação de espécies extintas ou a desextinção é algo cientificamente possível, extremamente provável e possivelmente ocorrerá o primeiro caso em poucos anos.
O processo de desextinção é cientificamente possível porque as espécies de animais extintas e as espécies não-extintas compartilham a mesma linguagem genética: o DNA, que basicamente contém toda a informação necessária para a criação e o desenvolvimento de um indivíduo. Para ficar mais fácil de entender, vamos dizer que o DNA é como uma receita de bolo, na qual temos descritos todos os ingredientes e o modo de preparo. Quando um chef de cozinha lê essa receita e ele possui os ingredientes e uma cozinha equipada, ele poderia facilmente preparar e assar esse bolo. Com as espécies extintas funciona do mesmo jeito: nós não temos mais os animais vivos em nosso planeta, mas, para muitos deles, nós temos a receita para recriá-los. Isso porque moléculas de DNA dessas espécies ainda podem ser encontradas em diversos lugares, como por exemplo em ossos e dentes, em animais que morreram em regiões extremamente frias e seus corpos se mantiveram congelados até os dias de hoje, em fósseis ou até mesmo no solo.
Uma vez com a receita em mãos, seriam necessárias as “ferramentas” e as condições ideais para recriar um indivíduo. Uma das metodologias que poderia ser utilizada para esse fim é a clonagem, em um processo muito semelhante ao utilizado para criar a ovelha Dolly em 1996. Vamos usar o mamute-lanoso como exemplo, extinto há aproximadamente 10.000 anos devido às alterações climáticas e à caça por humanos.
Há alguns anos, foram encontradas grandes quantidades de tecido desses animais ainda congelados e em bom estado de conservação, o que possibilita a extração e o isolamento de seu material genético. Simplificadamente, a ideia seria retirar o material genético de células do mamute e introduzi-lo em um óvulo não-fertilizado de uma espécie semelhante, por exemplo o elefante asiático. Em seguida, esse embrião seria introduzido em uma fêmea de elefante asiático, funcionando como uma espécie de barriga de aluguel. Meses depois, essa fêmea iria parir não um exemplar de sua espécie, mas sim um exemplar de mamute-lanoso. Mas para que a espécie seja revivida, esse processo teria que ser feito a partir de diferentes indivíduos e gerar um número suficiente de exemplares para criar uma população viável.
Em 2003, cientistas tentaram sem êxito clonar o extinto íbex-dos-pirinéus utilizando a cabra doméstica como barriga de aluguel. Uma nova tentativa foi feita em 2009, resultando no nascimento de um exemplar de íbex-dos-pirinéus, o primeiro indivíduo de uma espécie extinta que foi revivido. No entanto, o animal morreu alguns minutos depois do seu nascimento. Existem outros projetos de desextinção em criação e andamento. Um time de cientistas da Rússia e da Coréia do Sul possuem um projeto de recuperação do próprio mamute-lanoso. Uma vez o projeto concluído, eles pretendem colocar os animais em uma reserva natural na Sibéria chamada de Parque Pleistoceno.
Cientistas da Universidade de Newcastle e New South Wales reportaram em maio de 2013 a clonagem de uma espécie extinta de sapo que gerou embriões que sobreviveram por alguns dias. Outras espécies foram sugeridas como possíveis alvos de desextinção como o pombo-passageiro, o tigre da tasmânia, o auroque e alguns outros.
Apesar de ainda não existir nenhum caso de sucesso de desextinção, a mesma técnica de clonagem mencionada acima vem sendo utilizada com sucesso na preservação de espécies ameaçadas de extinção. Cientistas da Advanced Cell Technology clonaram um exemplar de banteng (uma espécie de bovino) a partir de células congeladas com a gestação feita em uma vaca doméstica. Este exemplar nasceu saudável e foi mantido no Zoológico de San Diego. Outro caso de sucesso não relacionado com preservação, mas em condições semelhantes ao do mamute-lanoso, foi a de um rato congelado por 16 anos que gerou clones saudáveis e férteis em um centro de pesquisa no Japão.
Independentemente de ainda não haver nenhum caso de sucesso, a ciência vem fazendo grandes e rápidos avanços nas áreas de reprodução, clonagem, genética e biologia molecular. E é muito provável que em pouco tempo tenhamos a satisfação de reviver uma espécie extinta e o Jurassic Park não será um filme tão distante da realidade.