A sepse, definida como “disfunção orgânica potencialmente fatal causada por uma resposta imune desregulada a uma infecção”, é a doença que mais mata em UTIs no Brasil, com letalidade de 55,7% dos casos, segundo estudo realizado pelo Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS), superando até mortes por acidente vascular cerebral e infarto nessas unidades.
Também é uma das principais causas de mortalidade hospitalar tardia, superando o infarto do miocárdio e o câncer. Tem alta mortalidade no país, chegando a 65% dos casos, enquanto a média mundial está em torno de 30-40%. A doença é a principal geradora de custos nos setores público e privado, sendo considerado um problema de saúde pública. A sepse acompanhada por profundas anormalidades circulatórias e celulares/metabólicas com capacidade para aumentar a mortalidade substancialmente é denominada Choque Séptico.
Diante de tudo isso é imperativo engajar as instituições de saúde em campanhas de sobrevivência a sepse, com grande impacto social e econômico.
Já existe a Surviving Sepsis Campaign, com participação de várias instituições de saúde e cuja meta é redução de 25% na mortalidade por sepse em 5 anos, através da otimização da prática médica (identificação de todos os casos suspeitos com notificação dos mesmos, uso racional de antibióticos, exames de laboratório e point of care – gasometria e lactato -, e mais recentemente a Procalcitonina (PCT), com treinamento dos profissionais, elaboração de fluxos de diagnóstico e tratamento).
É fundamental que o paciente, quando admitido em um hospital com suspeita de sepse, obtenha o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível. A identificação precoce é primordial para a sobrevivência do paciente. “Na sepse, à medida que o comprometimento sistêmico avança, aumenta muito a chance de o paciente não sobreviver ao tratamento. Diagnóstico e tratamento precoces salvam vidas”, explica trecho da publicação Sepse: um problema de saúde pública, elaborada pelo ILAS, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, com o objetivo de orientar profissionais da saúde em relação à doença.
A sepse pode ser causada por infecções bacterianas (maior prevalência de cocos gram negativos (40%), seguidos de cocos positivos (32,8%) fungos (5%) e virais), sendo os sítios mais acometidos em ordem decrescente:
– Trato respiratório: 69%,
– Abdome 23%,
– Urinário 16%.
As internações inicias que evoluem para sepse são principalmente clínicas (67%), seguidas de pós-operatório de emergência (24,4%) e eletivos (8,4%).
As principais comorbidades associadas são:
– Doenças cardiovasculares
– Doenças pulmonares (DPOC)
– Insuficiência cardíaca congestiva
– Diabetes mellitus
– Neoplasias
– Insuficiência renal
OBS: A hepatopatia foi a comorbidade associada com maior mortalidade (66,7%), seguida dos pacientes em uso de vasopressores (58,5%) e insuficiência renal crônica (57,6%).
O uso de ventilação mecânica foi necessário em 82% dos casos, uso de swan-ganz em 18,8% e hemotransfusão em 44,7% (Critical Care 2004; 8: R251-260 / Revista Brasileira de Epidemiologia 2005; 8 (4): 393-406 / Revista Brasileira de Terapia Intensiva vol 8 Jan/Março 2006).
O método de referência para sepse bacteriana é a cultura de amostras de sangue, que requerem 24 horas ou mais e têm uma sensibilidade moderada. Por causa da urgência na detecção desta grave enfermidade, a procalcitonina (PCT) revelou-se o biomarcador de maior sensibilidade para o diagnóstico da sepse bacteriana, dando aos clínicos dos serviços de urgência e das unidades de cuidados intensivos, uma ferramenta fundamental para o diagnóstico. O tratamento precoce da infecção em pacientes com choque séptico melhora a taxa de sobrevivência:
Cada hora de atraso no tratamento com antibióticos no choque séptico implica em aumento da mortalidade de 7,6%.
A procalcitonina, sintetizada principalmente pelas células C da tireoide e, em menor extensão, nos tecidos neuroendócrinos de outros órgãos, como os pulmões e os intestinos, está habitualmente presente no sangue em níveis muito baixos. Entretanto, sua produção pode ser estimulada por citocinas inflamatórias e endotoxinas bacterianas, o que provoca a liberação de níveis mais elevados de procalcitonina em resposta à infecção, sobretudo nas bacterianas sistêmicas. Os níveis de procalcitonina podem, portanto, ser utilizados como biomarcador da resposta inflamatória, constituindo um indicador de risco de sepse, pois quanto mais altos forem os valores de PCT, maior a probabilidade de infecção sistêmica e sepse.
Devido à sua elevada sensibilidade para a maior parte das infecções, a procalcitonina é amplamente reconhecida como o biomarcador mais sensível para o diagnóstico, ou exclusão, da sepse bacteriana, com um valor preditivo negativo alto, superior a 95 %. As diretrizes globais recomendam ainda a sua utilização como ferramenta para otimizar a terapêutica com antibióticos.
Comparando com a proteína C reativa (PCR), outro biomarcador muito utilizado como auxiliar no diagnóstico da sepse, a procalcitonina apresenta uma semivida mais curta e as suas concentrações aumentam mais rapidamente em caso de infecção bacteriana. Este comportamento pode permitir um diagnóstico mais antecipado da sepse e uma melhor monitorização da progressão da doença.
Quando os níveis de procalcitonina estão elevados e há suspeita, mas não confirmação, de sepse, deve ser considerada a administração de antibioterapia após a análise de uma amostra de sangue, para identificar a presença de quaisquer microrganismos transportados por via sanguínea. Normalmente, implica a realização de uma cultura de sangue, um procedimento moroso, com resultados que podem demorar vários dias, e que muitas vezes não reflete a inflamação sistêmica ou o início do processo de insuficiência dos órgãos.
A Radiometer desenvolveu no analisador AQT90 FLEX um teste de PCT rápido e de fácil utilização para atuar no diagnóstico da sepse, disponibilizando resultados quantitativos com comprovada qualidade laboratorial, em menos de 21 minutos.
Rápido e fácil de utilizar, o equipamento passa a ser uma importante ferramenta para auxiliar no diagnóstico da sepse no tempo certo. Trata-se de um Teste Laboratorial Remoto (TLR), em um ensaio de diagnóstico in vitro para a determinação quantitativa de PCT em amostras de sangue total. Aceita EDTA ou heparina como anticoagulantes, podendo estar presente no ponto de cuidado ou no laboratório, contribuindo assim para detecção precoce da sepse. Isto permite aos médicos iniciar de imediato o tratamento com antibióticos e comprovar a eficácia da terapêutica escolhida na redução do estado septicêmico do doente.
A seguir, as principais vantagens do ensaio de Procalcitonia do AQT90 FLEX:
– diferente de outros dispositivos que se propõem a executar exames de marcadores em um ambiente como salas de emergência e UTIs, o TLR AQT90 FLEX proporciona medidas quantitativas, com comprovada correlação com os consagrados métodos laboratoriais;
– resultados equivalentes aos equipamentos de bancada de laboratório, com Coeficiente de Variação (CV%) para cada parâmetro medido, inferior a 10% no Ponto de Corte (Cut-off);
– sangue total e plasma em tubo primário, dispensando o operador de qualquer manipulação de material biológico, permitindo o uso de EDTA, heparina como anticoagulante;
– resultados de Procalcitonina disponíveis em menos de 21 minutos, proporcionando maior rapidez na obtenção dos resultados das amostras;
– amostras de sangue total, sem necessidade de preparação prévia da amostra;
– homogeneização e medição automáticas;
– controle de qualidade integrado e líquido, simulando amostras, permitindo gerar gráficos Levey-Jennings, Regras de Westgard, atendendo as recomendações da CLIA e CAP;
– total conectividade e captura de dados;
– excelente nível de compatibilidade com hemocultura;
– correlação elevada com outros ensaios de PCT disponíveis no mercado.