Por Milena Tutumi
Todos os anos, com o fim do verão inicia-se no Brasil a temporada das doenças respiratórias e das campanhas de vacinação para o vírus sazonal influenza. Em 2018, mais de 1.300 casos de óbito em decorrência de complicações causadas pelo vírus foram registradas, de acordo com o Ministério da Saúde. Enquanto o país previne a população de novas epidemias, em sua 21ª campanha de vacinação contra a gripe, os laboratórios oferecem uma gama de testes diagnósticos com diferentes tecnologias, cujas taxas de sensibilidade podem variar entre 80% e 100%.
Dos testes rápidos, aos de imunofluorescência, PCR ou biologia molecular, sabe-se que a utilização destes é fundamental para a obtenção de resultados precisos e para determinar um prognóstico de sucesso, pois, na maior parte dos casos, os sintomas não são suficientemente claros para a detecção da doença em exames clínicos e, além do diagnóstico incerto e consequentes prescrições medicamentosas errôneas, ocorre o atraso da indução do antiviral, cuja recomendação é que seja iniciado em até quatro dias após o surgimento dos sintomas.
Para que haja a devida acuidade no diagnóstico da doença, os testes devem ser muito sensíveis e específicos, sendo considerados padrão-ouro. E essa sensibilidade depende de alguns fatores, como explica a médica infectologista do Grupo Pardini, Dra. Melissa Bianchetti Valentini: “Para garantir a qualidade de uma amostra representativa deve-se seguir as recomendações do laboratório; para o tipo de amostra, swab ou aspirado de nasofaringe são as preferenciais; o tempo para processamento da amostra deve ser de até 48 horas após a coleta; e a coleta deve ocorrer até o quarto dia após o início dos sintomas”.
O número de testes realizados nos laboratórios aumenta especialmente nos meses de outono e inverno por se tratar de uma doença sazonal, com uma demanda que chega a triplicar, segundo a médica Carolina Lázari, assessora médica em Infectologia do Fleury Medicina e Saúde, e a quintuplicar em anos epidêmicos. No Grupo Sabin, 70% da demanda acontece nos meses de abril, maio e junho, como informa Graciela Martins, Gerente do Núcleo Técnico Operacional do Grupo, onde são realizados em média 120 exames nesse período.
Em casos de resultados positivos, a conduta dos laboratórios deve ser a mesma independentemente do tipo de Influenza detectado, não havendo alteração protocolar, como explica a Dra. Carolina Lázari: “Os casos de influenza por novo subtipo viral são de notificação compulsória às agências de saúde pública. Assim, embora não haja circulação de novos subtipos desde a pandemia de influenza A H1N1 de 2009, o Fleury reporta à Coordenação de Vigilância em Saúde (COVISA) todos os resultados positivos para Influenza”.
Para entender como funcionam os testes diagnósticos para Influenza nos laboratórios clínicos, os profissionais dos laboratórios Fleury, Hermes Pardini e Sabin explicam as características das tecnologias utilizadas:
Dra. Carolina Lázari, assessora médica em Infectologia do Fleury Medicina e Saúde:
Temos vários tipos de testes, que têm aplicações diferentes conforme o contexto clínico e epidemiológico.
Teste rápido para influenza por metodologia imunocromatográfica: amostras provenientes das vias aéreas do paciente coletadas em swab são colocadas em contato com uma tira de papel filtro que, na presença de proteínas do vírus influenza, revela o surgimento de um traço colorido, correspondente ao resultado positivo. O teste é capaz de detectar os vírus influenza A e B, e tem cerca de 85% de sensibilidade quando comparado às técnicas moleculares, que são as mais sensíveis para este diagnóstico. O Fleury oferece este teste em unidades específicas e o resultado é liberado em até duas horas.
Painel de imunofluorescência para vírus respiratórios: este teste também é realizado em amostras provenientes das vias aéreas, utilizando uma técnica que torna brilhantes as células infectadas pelos vírus pesquisados quando observadas no microscópio de fluorescência, o que corresponde a um resultado positivo. O painel oferecido no Fleury é capaz de detectar os sete vírus respiratórios mais comuns: influenza A e B, para influenza 1, 2 e 3, vírus respiratório sincicial e adenovírus. A sensibilidade desta técnica é variável para cada um dos vírus, mas para influenza, é de aproximadamente 80% quando comparada às técnicas moleculares, podendo ser superior quando a amostra é colhida até o terceiro dia após o início dos sintomas. O exame pode ser coletado em várias unidades do Fleury e o resultado é liberado em um dia útil. A coleta consiste em um raspado nasal com swab, seguido de um lavado nasal, ou seja, injeção de soro na narina, que a seguir é aspirado. Em crianças pequenas, somente o swab é realizado.
Pesquisa de influenza A por PCR: esta técnica molecular, denominada reação em cadeia da polimerase (PCR, do inglês polymerase chain reaction), é considerada o padrão-ouro para o diagnóstico de influenza, pois deriva do protocolo desenvolvido no CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) durante a pandemia de 2009. Além de detectar o vírus influenza A, é capaz de discriminar quando se trata do subtipo H1N1. Apresenta sensibilidade, virtualmente, de 100% quando a amostra é colhida até o terceiro dia de sintomas. O material preferencial é o raspado nasal, obtido por meio de um swab, mas qualquer material proveniente das vias aéreas pode ser processado. Também pode ser coletado em unidades específicas e o resultado é liberado em dois dias úteis.
Painel molecular para vírus e bactérias do trato respiratório: este é o painel mais amplo e diversificado para diagnóstico de infecções respiratórias, disponibilizado pelo Fleury, indicado para casos mais graves ou para pacientes que apresentem doenças crônicas ou que diminuam a imunidade. É capaz de detectar, simultaneamente, três bactérias e 11 vírus causadores de infecções respiratórias, entre eles influenza A e B, discriminando os subtipos H1 e H3 da influenza A. A sensibilidade é virtualmente de 100% para influenza e o resultado é disponibilizado em um dia útil.
Dra. Graciella Martins, Gerente do Núcleo Técnico Operacional do Grupo Sabin:
Teste rápido – detecção de Influenza A e B (imunocromatográfico).
Teste Molecular rápido (GeneXpert®).
Painel molecular para detecção de infecções respiratórias – painel completo com 19 espécies de vírus e bactérias (FilmArray®).
Todos os testes com liberação do resultado no mesmo dia, com variação do tempo em horas dependendo da unidade de coleta. Nas unidades 24h, os resultados do teste imunocromatográfico e GeneXpert são liberados em até 2h. A sensibilidade varia entre 90-95% a depender do tipo e subtipo do vírus, assim como da amostra analisada, se swab, lavado ou aspirado de nasal.
Dra. Melissa Bianchetti Valentini, infectologista do Grupo Pardini:
Para pesquisa de influenza temos atualmente dois mnemônicos:
Influenza A – H1N1 [H1N1SU]: este exame identifica a cepa H1N1 pandêmico 2009, entretanto, como são utilizadas duas sondas podemos detectar outros subtipos de Influenza A, mas sem possibilidade de identificação do subtipo. Método: PCR em tempo real – in house.
Desta forma podemos identificar Influenza tipo A ou Influenza H1N1 pandêmico.
Painel molecular de vírus respiratórios [PVRESP]: este exame identifica vários vírus respiratórios. Método: PCR Multiplex por Microarray.
Além da identificação de diferentes tipos de influenza A (H1N1 sazonal, H1N1 pandêmico 2009, H3N2), B e C (sem importância para infecções humanas), identifica adenovírus, bocavírus, coronavírus, enterovírus, metapneumovírus, parainfluenza 1, 2, 3 e 4, rinovírus e vírus sincicial A e B.
O Grupo está validando outro teste rápido de biologia molecular para detecção de influenza A e B que será disponibilizado em breve.