Um estudo avaliou a capacidade do MAC-ELISA, desenvolvido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA), em diferenciar infecções causadas pelos vírus da zika e da dengue
O teste diagnóstico sorológico da infecção pelo vírus zika é considerado desafiador por apresentar reação cruzada com outros vírus da mesma família, como é o caso do vírus da dengue, dificultando a interpretação dos resultados. Por isso, pesquisas têm sido realizadas para avaliar a acurácia desses testes, de modo a orientar profissionais e gestores de saúde na decisão de como e quais ensaios utilizar em regiões onde há cocirculação destes vírus.
Um estudo avaliou a capacidade do MAC-ELISA, desenvolvido pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC/EUA, sigla em inglês), em diferenciar infecções causadas pelos vírus da zika e da dengue. Duas características principais foram analisadas para definir o desempenho do teste: a sensibilidade e a especificidade. O trabalho, com primeira autoria da pós-doutoranda, Moyra Portilho, e coordenação dos pesquisadores Guilherme Ribeiro e Ricardo Khouri, da Fiocruz Bahia, foi publicado no periódico científico Diagnostics.
Para determinar a sensibilidade, foram usadas amostras de soro em fase aguda e de convalescença de 21 pacientes com infecção por zika confirmada por RT-PCR. Para determinar a especificidade, foram usadas amostras de soro de fase aguda e convalescente de 60 casos de dengue confirmados por RT-PCR e de 23 doadores de sangue.
Durante a fase aguda da infecção pelo vírus zika, o ensaio apresentou sensibilidade de 12,5% para amostras coletadas de 0 a 4 dias após o início dos sintomas e de 75,0% para amostras coletadas 5 a 9 dias após o início dos sintomas. Durante a fase de convalescença da doença, a sensibilidade do teste foi 90,9%, 100% e 0% para as amostras obtidas entre 12 e 102 dias, entre 258 e 260 dias e entre 722 e 727 dias, respectivamente. A especificidade para amostras coletadas nas fases aguda e convalescente de uma infecção pelo vírus da dengue confirmada por RT-PCR foi de 100% e 93,2%, respectivamente. A especificidade para amostras de doadores de sangue foi de 100%.
Os autores do estudo concluíram que o ensaio do CDC apresentou uma sensibilidade muito boa para o diagnóstico de zika durante a convalescença e uma excelente especificidade, mesmo quando o teste foi aplicado em amostras obtidas de pacientes com dengue. Por isso, o teste apresenta um grande potencial de uso para o diagnóstico de infecção pelo vírus zika, tanto durante ações de vigilância quanto durante investigação de surtos em regiões com cotransmissão endêmica ou epidêmica do vírus da dengue. Com informações da Fiocruz Bahia