Níveis elevados de marcadores no sangue podem recomendar terapia preventiva
As proteínas troponina T de alta sensibilidade e NT-proBNP podem indicar que determinados indivíduos que não são tratados com anti-hipertensivos possuem alto risco de sofrer infarto do miocárdio, derrame ou insuficiência cardíaca congestiva em até dez anos. Esta é a conclusão de pesquisa feita por uma equipe de cardiologia preventiva do University of Texas (UT) Southwestern Medical Center, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores analisaram dados de populações de três grandes estudos realizados naquele país, que reuniram 12.987 pessoas de diferentes etnias — Atherosclerosis Risk in Communities Study, Dallas Heart Study e Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis. O objetivo era constatar se níveis elevados dos dois marcadores identificariam pessoas que deveriam ser tratadas preventivamente com medicamentos para evitar pressão arterial elevada ou hipertensão.
Os participantes analisados tinham idade média de 55 anos — 55% eram mulheres —, dos quais, 21,5% apresentavam níveis elevados de troponina T de alta sensibilidade e 17,7%, de NT-proBNP. Foram registrados 825 eventos de doenças cardiovasculares ao longo dos dez anos em que o grupo ficou sob acompanhamento.
Para os pesquisadores da UT, os resultados sugerem que medir no sangue os níveis desses marcadores pode identificar pessoas que não foram indicadas para tratamento com anti-hipertensivos mas que apresentam risco elevado de desenvolver doenças cardiovasculares dentro de alguns anos. Níveis não elevados dos marcadores foram associados a um risco menor, mesmo em cenário de hipertensão em estágio 1 ou 2.
Liderado por Ambarish Pandey e Parag Joshi, professores assistentes de Medicina Interna na UT Southwestern e especializados em cardiologia preventiva, o estudo Incorporation of Biomarkers Into Risk Assessment for Allocation of Antihypertensive Medication According to the 2017 ACC/AHA High Blood Pressure Guideline.A Pooled Cohort Analysis foi publicado no periódico Circulation.
Lesão a longo prazo
“A troponina T de alta sensibilidade mede a lesão no músculo cardíaco, enquanto a NT-proBNP mede o estresse nesse músculo. A presença dessas proteínas é indicativa de lesão cardíaca sutil a longo prazo e de desgaste com o passar do tempo”, explica Pandey.
Segundo ele, a incorporação dos marcadores nos algoritmos de avaliação de risco pode levar a uma combinação mais apropriada do controle intensivo da pressão arterial com o risco do paciente. “Os testes usados na pesquisa podem ajudar no processo compartilhado de tomada de decisão para pacientes que precisam de mais informações sobre seus riscos. São exames de sangue facilmente acessíveis e mais baratos que alguns outros para avaliação de riscos”, acrescenta Pandey.
Os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares incluem pressão alta, níveis elevados de colesterol, idade, sexo, tabagismo, alimentação inadequada, sedentarismo e diabetes.
“O processo de desenvolvimento de doenças cardíacas pode ser difícil de entender com base apenas nesses fatores. Nossa pesquisa mostra que agora passamos a ter exames para detectar marcadores de doenças cardíacas em pessoas sem sintomas mas que realmente apresentam maior risco de eventos cardiovasculares”, diz Joshi.
Segundo ele, “é importante garantir que os profissionais de saúde ajam adequadamente quando houver um resultado anormal, e não necessariamente recomendem uma série de testes sem sintomas”.
Os pesquisadores destacam que ainda são necessários mais estudos para determinar se a informação do tratamento da pressão arterial com esses marcadores afeta os resultados dos pacientes.